reprodução Tribuna da Internet
A
jornalista Suely Caldas publica na edição de hoje do O Estado de São Paulo, um
artigo sobre as ações de governadores (com destaque para Cabral e Pezão) que
levaram seus Estados ao fundo do poço.
Vale a pena ler.
“Além de escancarar a gestão
depredadora e irresponsável de governadores com o dinheiro público, a degradada
situação financeira nos Estados expõe um ângulo da questão que tem ficado meio
escondido: a disparidade de tratamento entre ricos e pobres na distribuição do
dinheiro, a preferência em privilegiar empresas ou pessoas que podem viver e
produzir sem favores do governo, mas são premiadas pelo poder que têm de
devolver o mimo (e lucrar com ele) em forma de propina para o partido político
ou para o bolso do governante. Como esbanjou o ex-governador do Rio Sergio
Cabral (PMDB).
Mas não só ele. E o pobre?
Este é iludido com programas sociais do tipo “sonho de uma noite de verão”,
logo desfeitos ou descontinuados nos primeiros sinais de falência do Estado.
Seu ciclo de vida curta é planejado com o objetivo de capturar votos para a
próxima eleição, não para atacar os males da pobreza de forma estrutural e
sustentada. É um ângulo do velho dilema da concentração de renda no Brasil: a
desigualdade social persiste, a renda é pessimamente distribuída e, quando
chega aos mais pobres, ela alivia a vida por momentos e em seguida desanda,
recua e a escassez volta a torturar o pobre.
Não que não tenha havido
nenhum progresso ao longo do tempo. Os censos e outras pesquisas do IBGE
mostram que deixou de ser tabu o pobre ter TV, carro usado ou um computador em
casa para os filhos, mas esses bens são suprimidos quando chega o desemprego e
a renda da família desaba. Como tristemente acontece hoje no País, depois de
mais de uma década de instabilidade social das gestões Lula-Dilma: nos últimos
três anos de recessão parcela expressiva dos 30 milhões de miseráveis
promovidos à pobreza recuou ao que era antes.
Voltando aos governadores, o
motim da Polícia Militar no Espírito Santo e a revolta dos servidores do Rio de
ano de mandato, em 2015, mesmo com as perdas tributárias dos royalties de
petróleo e a paralisação da Samarco. Vem sendo criticado, principalmente por
não ter reajustado os salários. No Rio de Janeiro o governador Pezão tenta
driblar uma herança apavorante do ex-governador Sergio Cabral e dele
próprio – como vice de Cabral. Os dois esbanjaram em gastos, aumentaram a
dívida, distribuíram favores fiscais a empresas ricas que deles não precisavam,
não apertaram os cintos e continuaram gastando mesmo com a queda de receitas
com royalties de petróleo. E, no final, para mascarar a realidade, produziram
estatísticas falsas sobre despesas e receitas, devidamente reprovadas e
corrigidas ao passarem pelo crivo do Tesouro Nacional.
Mais do que criticados,
Pezão e o presidiário de Bangu (foto) estão sendo execrados por servidores nas
ruas e pela população que se sente órfã e vítima dos governantes aventureiros e
irresponsáveis. Deram um baita empurrão na concentração da renda dos mais
ricos, ao abrirem mão de cobrar impostos de empreiteiras investigadas na Lava
Jato, negociantes de joias e pedras preciosas e consumidores de filé mignon.
Receitas tributárias que, se cobradas, poderiam ser aplicadas em hospitais, escolas,
programas sociais focados na pobreza ou ajudassem a reabrir as portas da UERJ.
Os governantes sabem, mas fingem desconhecer: políticas sociais e de
transferência de renda bem-sucedidas dependem do equilíbrio fiscal, da garantia
do dinheiro em caixa para sustentá-las e dar-lhes a vida longa de que a
população excluída precisa para nelas acreditar”
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ggbcomunicação (ggbcomunicacao@gmail.com)
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