O programa Mariana Godoy Entrevista desta sexta-feira,
pouco antes do início do Dia da Mentira (1º de abril) recebeu o ex-governador
do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, presidente regional do PR. O político, que
foi preso pela Polícia Federal em 16 de novembro de 2016, chegou a ser levado
para Bangu, mas pagou fiança de R$ 88.000,00 e teve a prisão anulada pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por seis votos a um. Ele disparou a sua metralhadora
giratória em direção aso governador Pezão, ao ex-governador Cabral, ao
ex-presidente Lula, ao presidente da ALERJ
Jorge Picciani e ao presidente Michel Temer.
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Ao ser questionado por um carioca se pretende
voltar à política e, eventualmente, candidatar-se à presidência, Garotinho
ponderou: "Eu vou ser sincero a você. Eu tenho muita dificuldade hoje em
casa, a minha esposa não quer, ela quer que eu continue em comunicação,
que é minha área". Ele afirmou que para Rosinha Garotinho é hora de cuidar
dos filhos, da família, mas ele não deixou a porta fechada para esse retorno:
"Eu não vou dizer que não, mas eu gostaria de espera um pouco".
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Segue um resumo da entrevista ao vivo, de Garotinho
a Mariana Godoy na noite de ontem na Rede TV.
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Sobre as denúncias envolvendo Cabral: "A
partir de 2007, foi mostrado as relações dele com um grupo que levou o estado
do Rio a essa situação nunca vivida. Os inativos do estado ainda não receberam
o 13º salário do ano passado". Ao ser questionado sobre quando o Rio
começou a 'quebrar', ele enfatizou: "Começou a quebrar quando eles
começaram a saquear o estado. Tudo era negócio. Era comissão em propaganda, era
comissão em obra, era comissão em serviço, tudo foi montado um esquema
superfaturado. Para você ter ideia, na obra do Maracanã, o superfaturamento é
calculado em R$ 400 milhões. A obra do metrô da linha quatro, os cariocas estão
nos assistindo, é R$ 2,4 bilhões o preço acima". Garotinho calculou:
"Esse grupo liderado pelo Cabral, mas composto por ele, pelo presidente da
Assembleia Legislativa, esse grupo tirou em dez anos dos cofres do estado U$ 3
bilhões.
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Garotinho também foi preso e ao ser confrontado com
Cabral e Adriana Ancelmo se defendeu: "O meu caso é completamente
diferente. A acusação que tem contra mim é que eu dei um cheque-cidadão, que é
uma espécie de bolsa-família, para pessoas pobres". Sobre as acusações de
que teria tentado comprar votos, ele garantiu: "A acusação é tão esdrúxula
que primeiro eu não era candidato, segundo, o processo eu estou proibido de
falar sobre ele. Sou o único caso do país que não posso falar sobre o meu
processo. A coisa é tão escabrosa que não posso falar".
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Anthony Garotinho comentou a prisão dos
conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, citados em
delação do ex-presidente Jonas Lopes de Carvalho, indicado pelo
ex-governador ao cargo, e afirmou que nada teve a ver com o caso: "Se
tivesse tido a oportunidade de estar com o Jonas eu teria entregue a ele mais
informações sobre o deputado Picciani. Eu não estou com o Jonas, desde que
surgiram essas denúncias ele se afastou".
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O ex-governador contou algumas das informações
que teria sobre o deputado Jorge Picciani e dos negócios em parceria com o
filho, o ministro do Esporte Leonardo Picciani e lançou dúvida sobre um caso
recente, em que uma empresa da família Picciani teria vendido 'meio clone' de
uma vaca por um milhão de reais a um fornecedor do estado do Rio de
Janeiro: "A coincidência só é que o cara que comprou meio clone dele, e
pagou um milhão de reais, tem R$ 230 milhões em contratos com o estado, é
só essa a coincidência".
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O político disse ter ouvido que Sérgio Cabral
delatará muito juízes, membros do Ministério Público e desembargadores.
Garotinho citou uma lista de bens supostamente obtidos por Cabral de forma
ilegal e questionou se isso seria possível sem quem ninguém do Poder Judiciário
ou do Ministério Público soubesse. "Ninguém sabia nada, só eu que sabia?
Eu estou denunciando isso desde 2007", enfatizou.
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Sobre o momento atual da política brasileira ele
criticou: "O Brasil hoje está vivendo um momento muito triste".
Garotinho prosseguiu: "É muito triste ver uma empresa como a Petrobras
quebrada como está. O Brasil gastar 50% do que arrecada para pagar juros a
bancos e não tem dinheiro para a saúde, as pessoas morrendo nos
hospitais".
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Ao ser confrontado com uma informação sobre os
recorrentes casos de denúncias de corrupção que pesam sobre os governadores do
Rio de Janeiro desde a redemocratização do país, Garotinho observou: "O
Brizola foi o que mais teve problema com a Justiça, teve até uma intervenção
militar. Ter problemas com a Justiça todos os homens públicos têm". Ele,
então, citou seu caso específico para falar que nem toda acusação é sobre
corrupção: "Não estou sendo acusado de roubar".
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"A causa principal da falência do Rio de
Janeiro hoje é que houve um governo que se instalou sem projeto, apenas
para saquear o estado. É corrupção em todos os setores do estado. Não há um
setor da administração Sergio Cabral que não esteja permeado em lama",
acusou o ex-governador.
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Garotinho discordou de um twitteiro, que afirmou
que o governo do Rio começou a afundar com a securitização dos royalties do
petróleo, supostamente ocorrida durante seu governo: "Pelo contrário, foi
no meu governo que criei um fundo de previdência com títulos lastreados
em royalties do petróleo, que garantia o pagamento de aposentados e
pensionistas até o ano de 2029, aí o que aconteceu, o Sérgio Cabral começou a
pegar aqueles títulos futuros e vender a valor presente, com um deságio que às
vezes chegava a 70%, aí quebrou o estado".
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As críticas de Garotinho ao pagamento de juros de
dívidas pelo governo motivou a pergunta de um internauta, que questionou se ele
propunha um calote nestes casos, mas o político refutou tal hipótese:
"Não, é alongar o perfil da dívida e diminuir os juros".
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Ao ser questionado se Adriana Ancelmo, Eduardo
Cunha e Sérgio Cabral terão dinheiro para gastar quando saírem da cadeia,
Garotinho disse não ter condições de responder: "Depende de como a Justiça
agir". Ele alertou: "Voltou só uma parte do dinheiro".
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Anthony Garotinho foi direto ao avaliar o governo
do presidente Michel Temer: "Um desastre. Eu pergunto, se o Temer fosse
candidato a presidente da República e dissesse 'meus amigos, minhas amigas, eu
quero seu voto para botar você 49 anos contribuindo para a Previdência e só
depois de 49 anos pagando a Previdência e 65 anos você vai se aposentar'. Ele
iria ter votos? Ou então, se ele dissesse 'olha, eu vou instituir o salário
hora no Brasil, não vai ter mais salário mínimo, você vai ganhar por hora e
ganhando por hora eu vou mudar a Legislação, vai prevalecer o negociado sobre o
legislado, não vai valer mais a Lei, acaba a CLT, então não vai ter 13º, não
vai ter Fundo de Garantia' ele iria ter voto? Você não acha que uma mudança tão
profunda assim deveria ser feita por alguém legitimado pelo povo?"
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Anthony Garotinho criticou outros pontos sensíveis
do governo Temer: "Você acha que é necessário acabar com o salário mínimo?
Eu não acho. Você vai mexer na Previdência para quê? A Previdência não dá
prejuízo. Quem diz que a Previdência dá prejuízo não conhece a
Constituição". Garotinho explicou como o governo "mascararia" as
contas da Previdência Social. Ele ainda citou a Desvinculação de Receitas da
União (DRU): "Por que o governo quer fazer a Reforma da Previdência?
Porque lá atrás, ainda no governo Fernando Henrique, criou-se a DRU, que
dá à União o direito de usar o dinheiro da Previdência naquilo que ela
quiser. Nos últimos anos o dinheiro da Previdência foi usado para que? Para pagar
juros a bancos. Será que só banqueiro vai continuar ganhando dinheiro no
Brasil. Você vê os homens mais ricos do Brasil tirando aquela família da
comunicação, o resto tudo é banco".
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Garotinho criticou o ex-presidente Lula: "Eu
tinha muita esperança quando Lula veio e o que ele fez, ele instituiu a
bolsa-família para o pobre, mas não acabou com a bolsa-banqueiro, esse juro
vergonhoso que é pago. Isso não tem cabimento. Isso vai levar o Brasil ao fundo
do poço, à miséria".
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Um internauta afirmou que Garotinho teria dito ao
presidente Temer, antes do impeachment, a seguinte frase: "Primeiro vai
cair a Dilma, depois vai cair o Eduardo Cunha e depois vai cair o senhor".
O ex governador do Rio de Janeiro confirmou, mas fez uma ressalva: "Eu
diria a você o seguinte, se fosse tudo certinho ele ia cair. O que eu acho que
vai acontecer, a crise está tão dramática no Brasil que o voto do relator vai
ser para cassar [a chapa Dilma-Temer]. O ministro Herman Benjamin vai pedir a
cassação da chapa, mas o que eu ouvi dizer é que vai haver um pedido de vista e
que esse pedido de vista vai até o fim do governo".
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Para o ex-governador do Rio de Janeiro falta ao
Brasil um "projeto de nação". "Nós, enquanto povo, sabemos onde
nós queremos chegar?" Ele ainda analisou nomes que despontam para as
eleições de 2018, como João Doria e Jair Bolsonaro. Ao falar do último,
Garotinho lembrou dos anos terríveis que vitimaram muitos brasileiros na
Ditadura Militar.
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Ao responder a pergunta de um internauta, Anthony
Garotinho garantiu que o estado do Rio de Janeiro ainda é viável: "Outro
dia listei 20 medidas que o governador deveria tomar para tirar o Rio da
crise. Não dá pra falar todas aqui, mas pelo menos duas. Fundamental, afastar
esse grupo do PMDB que isso é uma praga que caiu sobre o estado. Segundo lugar,
fundamental, acabar com essa história de incentivo fiscal para quem não
precisa.
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Para encerrar sua participação
no programa, o ex-governador disse que a crise do Tribunal de Contas do Estado
do Rio de Janeiro deve chegar ao Judiciário: "Não tem como não chegar. É
impossível não chegar. Como isso tudo aconteceu? Será que só eu que estava
vendo? Eu e uma meia dúzia de pessoas? Ninguém estava vendo? Vamos fazer aqui
uma mea-culpa, de todo mundo. A mídia do Rio também não viu
nada"
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ggbcomunicação (ggbcomunicacao@gmail.com)
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